quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Arte dreamy


Neste último período, eu tinha a mania de me sentar numa secção da biblioteca da minha escola, a secção de livros de Arte, e feliz coincidência, lá tinha uma colecção publicada há uns anos atrás pelo Público juntamente com a Taschen. O volume que mais me interessou, naturalmente, foi o da "Arte Fantástica". Foi a partir daí que comecei a folhear o livro de trás para a frente, da frente para trás, e comecei também a investigar acerca desse "movimento" artístico. Na pintura, nomes como Salvador Dalí, Paul Delvaux, René Magritte, entre outros, obviamente estariam lá, e eram nomes que eu já conheci muito bem. Porém, a natureza surrealista destes artistas não tocava a todos os nomes presentes naquele livro.
Hieronymus Bosch, um dos grandes percursores do surrealismo, isto é, foi a partir das suas obras que Salvador Dalí, Joan Miró, entre outros, se inspirariam para levar avante um novo movimento artístico, o Surrealismo. Bosch estava também presente no livro, isto quererá dizer então, que a Arte Fantástica não é uma corrente artística marcada por apenas uma década ou século: estendeu-se ao longo dos séculos, já que Bosch viveu no século XV. Para além deste autor inspirador, temos Francisco Goya, pintor da era Romântica, que inspirou outro nomes importantes do Surrealismo.
Contudo, isto seria só uma pequena introdução àquilo que quero falar.
O manifesto do mundo do sonho e do subconsciente é algo que se prolonga até aos dias de hoje, quer na música (dream pop, nomeadamente), literatura (realismo mágico, etc.) e, essencialmente, na pintura e escultura. Porém, muitos dos verdadeiros nomes importantes, pelo menos aqueles que fizeram obras magníficas, continuam enterrados debaixo do imenso e denso pó do tempo e do esquecimento. O melhor exemplo seja, talvez, Odilon Redon.
As suas obras são verdadeiros manifestos do imaginário simbolista, como Compisition Flowers. São obras onde facilmente uma pessoa se poderá perder, mas também são obras onde uma pessoa quer se perder. São atractivas devido à curiosidade que nos transmite, pois a maioria das suas pinturas estão carregadas de uma atmosfera de neblina e névoa. Faz-nos querer lá entrar, e assim que lá nos encontramos, nunca mais queremos de lá sair. O próprio o afirmou: "...deixo livre a minha imaginação no sentido de utilizar tudo o que a litografia pode me oferecer. Cada uma das muitas peças é o resultado de uma procura apaixonada do máximo que pode ser extraído da conjugação do uso do lápis, papel e pedra".
Deixo-vos com um conjunto dos meus quadros favoritos da sua autoria.


Underwater Vision

Bazon, the artist's cat


Roger and Angelica

Decorative Pannels

Flower Clouds

The Reflection


Ophelia III

Ophelia 1900-19005

Portrait Violette Heyman
Ophelia V 
Papillons


The Stained Glass Window Allegory 1908


The Predistinated Child
Composition Flowers

The Blue Veil


Besos y quesos, muchachos!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

fotografias da Escócia

Férias em 1981, Escócia. Porque amo-os como casal, e amo a música, como uma parte dos The Cure.

As Rosas Escocesas



Não, não é esse o nome da banda, mas sim aquilo que eu lhes chamo. Simplesmente porque no auge das suas carreiras eram duas rosinhas (uma delas literalmente uma "rosa"), pois o seu sucesso foi breve. Ou melhor, o sucesso de ambas foi muito muito efémero.
Poderiam ser aclamadas de irmãs do Boy George, primas da Siouxsie Sioux, e feitas a partir de um tecido com padrão polka dots.
De quem mais poderia estar a falar senão das Strawberry Switchblade? Rose McDowall e Jill Bryson, duas girls de Glasgow que formaram a sua banda em 1981, a partir da qual obtiveram fama por volta de 1984/1985.




Confesso que aquilo que mais me atraiu neste duo de beldades "gothic lolita" foi principalmente o visual. Para além da beleza que ambas tinham, eu roí-me (e ainda o faço) de inveja dos seus guarda-roupas, das fitinhas no cabelo, das flores e das coroas de flores nos cabelos volumosos de tanto o ripar (como era habitual nos 1980's), das bolinhas e das rendas e do glamour exótico que elas me transmitiam. Contudo, assim que ouvi o primeiro e único álbum (Strawberry Switchblade- homónimo), apaixonei-me pelas vozes inocentes e estridentes de Rose e Jill, por toda a atmosfera pop e cutie do álbum e das letras, pelas sonoridades eletrónicas características dos anos 80, mas, acima de tudo, pela capacidade que elas tinham de fazer boa música pop.
Porém, retomando a naturalidade de ambas, Glasgow fez nascer a maioria das minhas bandas favoritas, e poucos são os grupos provindos dessa cidade que fazem música má. Penso que exemplos serão dispensados.

Capa do álbum, 1985

Relativamente ao álbum em si, a segunda track, Deep Water, é, possivelmente, das minhas favoritas do álbum e de sempre. Primeiro, porque tem o som do tilintar dos espanta-espíritos que são, normalmente, colocados no alpendre e que se ouvem em dias de chuva e de vento. Segundo, porque esses mesmos sons levam-me a relembrar toda a sonoridade de Disintegration (Plainsong, especialmente) dos The Cure, que é o meu álbum favorito de todos os tempos. Terceiro, porque a letra baseia-se no estado de debaixo de água, em afogamento (o que me leva a personagens míticas como Ophelia, de Shakespeare), e também baseia-se no mistério que as águas profundas de rios, mares, lagos, etc., normalmente são.
Outra música que gosto particularmente é Who Knows What Love Is, que deixa-me a sensação que é uma young teenager a cantar e não a mulher que Rose seria, naquela altura. Deixa-me uma sensação de conforto e de calor ao mesmo tempo, talvez porque a própria melodia provoca esses efeitos. Black Taxi, Michael Who Walks By Night são duas músicas que evocam-me mistério e a vida noturna. São também das minhas preferidas no álbum, com uma essência que me relembra o álbum Japanese Whispers, dos The Cure (vejo imensas reminiscências deles neste duo).
Por último, Trees and Flowers é uma das minhas canções favoritas deste grupo new wave, logo a seguir a Deep Water. É uma canção sobre o medo de edifícios altos (agoraphobia) de Jill Bryson, cuja minha perspectiva sobre a letra é muito irónica. Eu adoro flores e árvores e canto a canção como se as detestasse, talvez mais pela "expressividade do recurso estilístico". Simplesmente, acho as guitarras e a música em si mesmo cutie e faz-me sentir da mesma maneira que Who Knows What Love Is?.





Rose McDowall:


Jill Bryson:








Recomendo, com três estrelas e meia e amor, por mim

Besos e quesos, muchachos

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Camaleões do mundo do sonho

São uma das bandas a que me refiro quando digo que as pérolas dos ano oitenta não chegaram aos tops (The Cure, The Smiths e outros são exceções). São camaleões e o seu nome condiz bem com a sua carreira e fama: passaram despercebidos da maioria dos ouvintes adolescentes da década de 1980, excepto em Manchester.
 The Chameleons, banda de culto (ou não) do post-punk. Se não é uma banda de culto, bem o devia ser. A sua musicalidade é distinta de qualquer outro grupo musical pela voz desesperada e gritante de Mark Burguess e pelas guitarras etéreas e ecoantes, assim como a percussão poderosa e dominadora. Estes camaleões, por certo, não são uns camaleões quaisquer.



 As letras sérias, profundas, existencialistas e não melodramáticas, contêm uma beleza moderna poética, que não são tão miseráveis e óbvias como as de Morrissey, por exemplo (a comparação não será das mais convenientes, talvez, mas é a única que me surge neste momento). São subtis, subjetivas e profundamente refletivas.
 Enfim, se ainda não ouviste, recomendo começar pelo álbum mais libertador: Script of The Bridge. Tem algo reconfortante, mas rebelde (Don't Fall). Algo melancólico mas zangado e amargo (Second Skin, Pleasure and Pain), algo que grita pela compreensão das pessoas, mas não a obtém (Monkeyland), algo que quer-se libertar, mas não consegue (Less Than Human), e para além disso, tem algo belo, distante, nostálgico e triste (View From A Hill) Óptimas e geniais letras, acordes e melodias lindíssimas e distantes.


Recomendo, com cinco estrelas e amor, por mim

Besos y quesos, muchachos

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Divulgação

Bem, começo o primeiro post apenas referindo isto: há imensa música por aí escondidas no tempo das quais ninguém tem conhecimento e, provavelmente, nem querem ter.
Acho engraçado como faço referências a assuntos relacionados com determinadas bandas ou músicas e ninguém conhece. Ou melhor, todos olham para  mim como se fosse parva. Dói e corrói. São pequenos aspectos que, todos combinados, me fazem alguém um pouco a parte da realidade atual.
Enfim, começo por aqui a apresentar e divulgar os meus gostos, tais como livros, músicas, álbuns, filmes, enfim, cultura. Não estou certa se interessará à maioria das pessoas. De qualquer maneira, não me interessa.

Besos y quesos, muchacos